domingo, 26 de maio de 2013

Resenha : Os Contos de Beedle, o Bardo


Autora : J.K. Rowling
Recentemente, J.K. Rowling, a criadora de Harry Potter, lançou Os Contos de Beedle, o Bardo (Rio de Janeiro: Rocco), mesmo após ter declarado que “Harry Potter e as Relíquias da Morte”, o sétimo livro da série, encerraria a saga do bruxo. De fato, neste livro não sabemos nada mais de Harry, já que nem mesmo ele é citado na obra. Entretanto, Beedle nos leva de volta ao mundo dos bruxos, ao universo de Harry Potter; além disso, seus contos, como se sabe, foram citados e lidos por seus colegas de escola. A propósito, segundo Rowling, o que a levou a publicar essa coletânea de histórias (já foram publicados “Animais fantásticos e onde habitam” e “Quadribol através dos séculos”) foi uma “novíssima tradução dos contos feita por Hermione Granger”, a amiga sabida de Harry Potter.

O livro de Rowling traz cinco “histórias populares para jovens bruxos e bruxas”, mas que, com as notas explicativas da autora, podem ser perfeitamente lidas pelos “trouxas” (como Rowling se refere às pessoas sem poderes mágicos, como nós). Nessas notas, Rowling esclarece alguns termos próprios do mundo dos bruxos como, por exemplo, “inferi”, que, “são cadáveres reanimados por magia”.
No mundo dos bruxos, Beedle, poder-se-ia dizer, tem a importância do escritor dinamarquês Hans Christian Andersen e suas histórias se assemelham em muitos aspectos aos nossos contos de fada. Aliás, seus contos tiveram o mesmo destino dos nossos contos de fadas, ou seja, caíram no gosto das crianças e, como lemos no prefácio do livro, são usualmente contadas antes de dormir. Ademais, como afirma Rowling, nesses contos, assim como costuma acontecer nos contos de fadas, “a virtude é normalmente premiada e o vício castigado”.


Nos contos de Beedle, no entanto, a magia nem sempre é tão poderosa quanto se pensa: seus personagens, apesar de serem dotados de poderes mágicos, não conseguem resolver seus problemas somente com magia. As histórias mostram, desse modo, que ao contrário do que se pensa, a mágica pode tanto resolver quanto causar problemas ou pode também não ter efeito nenhum.
Quanto às heroínas do livro, elas são em geral bem diferentes daquelas dos contos de fada “tradicionais”, ou seja, ao invés de esperarem por um príncipe que as venham salvar, elas enfrentam o próprio destino. No conto “A Fonte da Sorte”, por exemplo, são as três bruxas, Asha, Altheda e Amata, que procuram (juntas) a solução para seus próprios problemas. Elas buscam amor, esperança e a cura para uma doença na chamada “fonte da sorte”. Ao final da história, elas alcançam aquilo que desejam, muito mais por méritos próprios do que pela magia das águas da fonte que, mesmo sem saberem, “não possuíam encanto algum”.

Na verdade, os heróis dos contos não são aqueles com maiores poderes mágicos, mas sim aqueles que demonstram bom senso e que agem com gentileza. Um exemplo é “O conto dos três irmãos”, onde o irmão mais novo, ao se confrontar com a Morte “em pessoa” não tenta trapaceá-la nem fazer mal a alguém. Desse modo, ao contrário dos seus irmãos, ele tem um final feliz, pois “acolheu, então, a Morte como uma velha amiga e acompanhou-a de bom grado, e, iguais, partiram desta vida”.
Para aqueles que sentiam falta de Dumbledore, o poderoso mago Diretor de Hogwarts, J.K. Rowling mata um pouco da saudade: no final de cada conto, há explicações e comentários do bruxo, os quais foram encontrados após sua morte. Suas explanações são bem pertinentes: elas mostram, por exemplo, que no mundo dos bruxos existia um preconceito contra os não-bruxos (os “trouxas”), há ponto de excluí-los dos contos, ou dar-lhes apenas o papel de vilões, e também alertam para o fato de que alguns dos contos foram censurados ao longo da história e adaptados para que se tornassem “adequados para as crianças”. Isso se assemelha muito àquilo que aconteceu com os contos de fada de um modo geral, os quais sofreram mudanças no enredo para que pudessem se adequar melhor à escola e ao mundo da criança. No entanto, os contos que nos são apresentados no livro são, segundo Dumbledore, os originais, ou seja, são os contos escritos por Beedle há muito tempo, sem adaptações.
Outras questões são trazidas à tona nos contos: amor, tolerância, sentimentos e, como se viu, até mesmo a morte. Isso porque as histórias mostram como a magia não pode resolver tudo e o quão inútil é lutar contra a morte. Sabe-se que a mágica não é capaz de restituir o bem mais precioso: a vida.
Os contos, traduzidos por Hermione Granger das runas, são inéditos, com exceção de “O conto dos três irmãos”, uma história contada para Harry, Rony e Hermione no sétimo livro da série de aventuras de Harry Potter (no capítulo 21, que leva o mesmo título do conto), que tem papel crucial no fim da saga do jovem bruxo.



Quanto às ilustrações do livro, quem as assina é a própria J.K. Rowling, que doou parte do lucro obtido com a venda de Os Contos de Beedle, o Bardo para o “Children’s High Level Group”, uma organização responsável por ajudar cerca de um quarto de milhão de crianças a cada ano.
Em Os Contos de Beedle, o Bardo, sentimo-nos de volta ao “mundo mágico de Harry Potter”. Pena que as 103 páginas do livro acabem tão rápido: para o leitor entusiasta do mago inglês e acostumado com as suas aventuras narradas ao longo de mais de 700 páginas fica um gostinho de “quero mais”. 

Resenha : A Cabana


                             Autor : William Young

No grande best-seller de William Young, A Cabana, conhecemos a história de Mack Allen Phillips, pai de cinco filhos que, em uma viagem de fim de semana com seus três filhos mais jovens, tem sua filha caçula, Missy de apenas seis anos, sequestrada. Existe a suspeita de que ela tenha sido brutalmente assassinada numa cabana abandonada, lugar em que é encontrado seu vestido todo ensanguentado e rasgado.
Três anos depois, sem encontrar a filha, Mack está envolto em uma dor profunda que batizou de Grande Tristeza. Além disso, está brigado com Deus. Num dia de inverno ele recebe um bilhete supostamente assinado pelo Todo Poderoso que o leva de volta ao local fatídico, onde ele enfrenta seus piores medos e lembranças — a morte de sua filhinha, o assassino não encontrado, a tristeza e até mesmo a culpa que o consome por achar que poderia ter evitado aquele acontecimento.
Sem contar nada a ninguém, o pai vai para a cabana em uma sexta-feira, quando sua esposa e filhos foram passar o fim de semana na casa da irmã de Nan. Chegando lá ele se depara com três pessoas: a Santíssima Trindade. O Pai (na forma de uma mulher negra), o Filho (Jesus, na forma de um homem que parecia árabe) e o Espírito Santo (chamado de Sarayu, na forma de uma mulher pequena asiática).
A Cabana invoca a pergunta: “Se Deus é tão poderoso e tão cheio de amor, por que não faz nada para amenizar a dor e o sofrimento do mundo?” As respostas encontradas por Mack surpreenderão você e, provavelmente, o transformarão tanto quanto ele.
O que mais me atraiu no livro foi a capa — como na maioria dos best sellers atuais — pois ao mesmo tempo que nos passa solidão e mistério, também transmite paz.
Uma velha e abandonada cabana despedaçada pelo tempo e coberta de neve, como ela pôde me trazer tranquilidade? Foi o inicio do mistério. A narrativa é em terceira pessoa, quem nos conta é um personagem chamado Willie. Tem diagramação simples mas significativa, a cada capítulo encontramos a imagem da cabana decorando a página.Tenho a impressão de que muitas pessoas amam um Deus que elas inventaram e não o Deus da Bíblia.
Porque o deus de Willian P. Young não me parece o Deus descrito nas Escrituras.  Não sei onde William P. Young estava com a cabeça quando escreveu este livro, mas ele certamente sabia que carregava uma grande responsabilidade por nos apresentar a Santíssima Trindade de uma forma tão diferente, tão moderna e parecido conosco. Ainda assim, multidões se apaixonaram pelo deus dele.
Costumo ouvir o argumento de que este livro faz uma coisa muito positiva: ajuda as pessoas a entenderem melhor o poder que rege o universo. Porém, tive a impressão de que ele faz o contrário. Ele as confunde.
Se o caso é mesmo tentar explicar Deus para as pessoas, não é necessário inventar uma história como essa, com tantos pontos importantes da fé sendo distorcidos, para apresentá-Lo de forma mais “interessante” para quem não O conhece.
Deus é amor, é misericórdia, mas é também soberano, é justo, é um Deus que se ira com a injustiça. Não precisamos usar de heresias para deixá-lo melhor, como se as escrituras não fossem “legais” o suficiente.
A história de Young é muito sedutora, mas me parece uma armadilha. Se fosse você, tomaria cuidado.

quinta-feira, 23 de maio de 2013

Resenha : Depois dos quinze


Título: Depois dos quinze – Quando tudo começou a mudar
Autora: Bruna Vieira


Quem conhece a Bruna Vieira, dona do blog Depois dos quinze, colunista da CAPRICHO e, agora escritora, já deve ter ouvido falar de seu primeiro livro (que leva o nome do blog!) – uma coletânea de contos e crônicasEm sua maioria, histórias, relatos e desabafos de amor. Ela soube aproveitar o melhor de sua habilidade na escrita, quando tudo parecia desabar: o término do relacionamento de uma de suas paixões. Este foi o motivo do surgimento do blog. Quase quatro anos depois, muitas experiências e novos amores, enfim, ela realiza um de seus maiores sonhoso lançamento do livro!

O livro reúne textos já compartilhados no blog, outros inéditos, e, se eu não me engano, continuações de contos postados pela Bruna no blog. São crônicas carregadas de emoções, sentimentos, amadurecimentos e mudanças. Tudo muito intenso e sincero'Anote aí: as pessoas nunca nos entendem por completo. E, ainda assim, talvez a graça desta vida seja tentar encontrar alguém que consiga'. (página 60) 

Como acompanho a Bruna há um tempinho, estava muito feliz/ ansiosa com a novidade. Devorei o livro em pouco tempo e me identifiquei com vários textos. Sabem aquela sensação tipo 'é exatamente isso que eu senti em tal momento da minha vida'Assim! hehe A leitura é leve e ao mesmo tempo intensa, como disse.Sou um pouco suspeita a falar, porque gosto muito dos textos dela. Recomendo o livro para todas as apaixonadas de plantão♥



Vocês já compraram/ leram o livro da Bruna? Acompanham o blog?

Sempre achei que estar apaixonado por alguém era um daqueles remédios que o médico receita pra tudo ficar bem, quando nada mais funciona. (Bruna Vieira, trecho do livro 'Depois dos quinze', página 24)

Resenha : A culpa é das Estrelas


Título: A culpa é das estrelas
Autor: John Green


Enfim dei uma pausa nos livros de crônicas para mergulhar na história de Hazel Grace — uma adolescente de 16 anos, paciente terminal de câncer. Hazel luta contra a doença há três anos, leva uma vida monótona, sempre protegida e bem cuidada pelos pais. Quando não vê mais perspectiva de vida e a depressão toma conta de sua rotina, Hazel conhece um jovem de 17 anos Augustus Waters — no Grupo de Apoio a Crianças com Câncer que ela frequenta.


Este encontro promete mudar o sentido da vida dos dois, que dali a pouco tempo, tornam-se amigos e confidentes: “Eu gostava do Augustus Waters (...) gostava de ele ser professor titular no Departamento de Sorrisos Ligeiramente Tortos com duas cátedras no Departamento da Voz Que Me Deixa à Flor da Pele.”


Um dos trechos mais marcantes: “— Esse é o problema da dor — Augustos disse, e aí olhou pra mim. — Ela precisa ser sentida.” (página 63)

Tive um pouco de medo no começo da leitura, confesso. A história, mesmo sendo uma obra de ficção, passa valores e emoções dignas de qualquer vida ‘real’. É muito mais do que um livro sobre câncer. Entre os diálogos, as metáforas e as sacadas inteligentíssimas de Augustos e Hazel, eu chorei e ri. Em certas partes, ria tanto com o humor da personagem, que minha mãe chegava a me questionar: Mas você não disse que era um livro triste?


É um livro emocionante. Superou minhas expectativas pela narrativa gostosa, intensa, às vezes preocupante. Em inúmeros momentos, para não dizer a leitura toda, pensei sobre o sentido e a valorização da vida, em frases como “Alguns infinitos são maiores que outros” ou “O mundo não é uma fábrica de realização de desejos”. Enfim, recomendo muito a leitura, desculpem-me pela resenha gigaaante!

Vocês têm vontade de ler este livro? Já ouviram falar?

Todo mundo era muito gentil. Forte, também. Nos dias mais sombrios, o Senhor coloca as melhores pessoas na sua vida. (trecho do livro "A culpa é das estrelas", de John Green)